quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A Palavra

"...Sim senhor, tudo o que queira, mas sao as palavras as que cantam, as que sobem e baixam...Prosterno-me diante delas...Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as...Amo tanto as palavras...As inesperadas...As que avidamente a gente espera, espreita ate que de repente caem...Vocabulos amados...Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, sao espuma, fio, metal, orvalho...Persigo algumas palavras...Sao tao belas que quero coloca-las todas em meu poema...Agarro-as no voo, quando vao zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, eburneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como agatas, como azeitonas...E entao as revolvo, agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as..."

(A Palavra, Pablo Neruda, "Confesso que vivi", pg. 51.)

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