sábado, 6 de junho de 2009

Carta aos meus queridos aluninhos...

A faxina em meus intermináveis papéizinhos pelas gavetas, fez-me encontrar uma carta escrita em Outubro de 2008 quando estive internada devido a uma cirúrgia.
Interessante como as palavras mesmo quando são as nossas, em determinados momentos possuem a capacidade de nos fazer refletir fazendo-nos voltar ao tempo, percebendo assim que conceitos e valores em nós fundados, podem até se perder no meio do caminho, mas jamais deixam de ser inerentes a nossa essencia.


Já fazem sete dias e nesse periodo já li e reli vários livros, desenvolvi um projeto de workshop, fiz duas músicas, fiz poemas, desenhos e o projeto da minha (possível) casa em Pardinho (seis mil habitantes)e ainda estou só na metade dos dias previstos de internação (eram duas semanas ao todo). Desse jeito serei obrigada a escrever um livro: Memórias do 11o. andar.
O interessante disto tudo é perceber o quanto não nos damos conta da capacidade que temos em ser criativos quando se há tempo hábil para isto. Nessa nossa frenética vida, o tempo é precioso, raro e quase sempre não percebido quando se há tanto para fazer, correr, falar. Recordo-me que os dias com voces eram ( ainda o são) ágeis, fast, mui rapidamente passavam-se, mal entrava em sala e já era hora de sair e saía então com a sensação de que: Puxa, eu ainda tinha tanto a dizer!
Mas aqui no 11o. andar do Enshu Byoin nenhum relógio tem pressa, as horas são longas, os dias e as noites então, Oh My God!!
Há porém nisto tudo um (mil) pontos positivos. O olhar constante da imensa janela do meu quarto, fez-me reparar em aspectos dantes esquecidos. É bem verdade, é um imenso mar de casas e prédios, trens e carros que correm contra o tempo, sirenes e pessoas. Mas, seguindo a linha do horizonte, também é possível enxergar o verde musgo das árvores, as montanhas, as cinzas nuvens e o céu que cobre toda essa imensidão.
Interessante foi redescobrir que não somos a massa somente, não somos números estatísticos, nem 1000 ou seja que número for por quilometros quadrado, somos únicos. Porque olhando para cada casinha, em cada prédio, há uma janelinha e dentro desta janelinha há alguém, com sonhos, metas, objetivos, tristezas, temores, anseios.
Li algo neste periodo muito interessante sobre isso e gostaria de transcrever-lhes:
"As grandes cidades ocidentais estão cada vez mais longe da crença fundamental no valor da alma de um ser humano. Nossa tendencia é ver a história em termos de um grupo de pessoas: classes, partidos políticos, raças e agrupamentos sociais. Aplicamos rótulos uns aos outros, explicamos comportamentos e atribuímos valores baseados nesses rótulos. Percebi que tenho visto os grandes problemas da humanidade à partir de um modelo matemático: percentuais do PIB, renda per capita, taxa de mortalidade, quantidade de médicos por mil habitantes. O amor, porém, nao é matemático, jamais poderemos calcular com precisão qual é a quantidade de bem a ser aplicada igualmente aos mais pobres e necessitados do mundo. A única coisa que podemos fazer e alcançar uma pessoa, depois outra, e mais outra, como objetos do amor de Deus!
(Trecho do Livro: Alma Sobrevivente, Philip Yancey)


Beijo,
Sandra

2 comentários:

  1. Sora me lembro de quando o Sor Douglas leu para a gente e entregou um desenho q vc fez da sua vista da janela... Muito lindooo!

    Bjos

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